Cursinho de Pouso Alegre oferece 80 vagas para alunos de baixa renda

Em 18 de fevereiro, o cursinho Municipal Pré-Enem e Pré-Vestibular de Pouso Alegre abre suas portas para receber os oitenta alunos da turma 2019.

Serão acolhidos pela coordenadora, professora Carmem Lícia Vieira dos Anjos Rios, sua equipe e dois ex-alunos – Leandro Henrique Cunha Ferreira e Ana Caroline Silva – aprovados em universidades federais este ano.

Fundado em 2013, o  cursinho funciona no período noturno no Ciem do bairro Fátima, Oferece vagas para jovens de baixa renda concluintes do ensino médio ou que cursam o 3º ano colegial em escolas públicas. Para pleitear uma vaga, os candidatos participam de uma prova que consta de 30 questões objetivas e redação.

Equipe responsável pelo cursinho.

De acordo com a coordenadora, o cursinho é referência na região e vem chamando a atenção de prefeituras do entorno de Pouso Alegre. “Pelo que sei, somos os únicos por aqui. Sempre recebemos comitivas, que vêm em busca de informações para criarem algo do tipo em suas cidades”, relata.

Os professores não seguem apostilas específicas – são livres para definirem o material didático, mais adequado aos alunos. Além das aulas regulares, há plantão de dúvidas para as disciplinas de física, química e matemática. Também são ministradas oficinas de redação no período da tarde e com atendimento personalizado.

O aproveitamento de cada estudante é medido por meio de simulados.

A oportunidade é ofertada apenas para um ano de estudo e é obrigatório ter no mínimo 75% de presença, como em outras escolas regulares.

“Sim, você pode passar numa federal”

“Paralelo ao terceiro colegial, que cursei na Escola Estadual Dr. José Marques de Oliveira, fiz o cursinho.

Entrei lá desmotivado, me subestimava muito – achava que não ia dar conta de passar em uma boa faculdade.

Na primeira redação que fiz, tirei 150 pontos. Fui levando, até que no meio do ano a ficha caiu: tudo dependia de mim. Sim, eu poderia me dedicar mais e entrar em uma boa faculdade. Fui melhorando minhas notas na redação e só contava com as aulas regulares, pois como estudava em outra escola, não dava para participar das oficinas.

Até que chegou o dia do Enem 2018. E, para minha surpresa, mandei bem na redação: 840 pontos.

Sabe por que fui bem? O tema foi: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Gosto muito de História e usei fatos históricos para conduzir meu texto, como a Terceira Revolução Industrial com a chegada dos computadores, a Segunda Guerra Mundial com a manipulação das massas por Hitler, entre outros. E, para concluir, apresentei como solução a criação de um aplicativo que detecta notícias falsas.

E assim que saiu o resultado do Enem, comecei a buscar por faculdades. Queria História, mas acabei entrando em Geografia na Unifal pelo sistema de cotas.

Estou muito feliz.  E já traço meu futuro. Enquanto estudante, quero ser monitor, colar nos professores pesquisadores, aproveitar todas as oportunidades.

Depois de formado, quero passar em um bom concurso, ou quem sabe, ser professor.” (Leandro Henrique Cunha Ferreira, 17 anos, aprovado no curso de geografia da Unifal)

“Consegui fazer 940 pontos na redação do Enem”

“O cursinho me acolheu em ambos os sentidos: me motivando a não desistir e transmitindo a seriedade e agilidade que precisávamos ter. Os professores me incentivavam e me norteavam em quais focos (matérias) deveria concentrar mais.

Em 2018, comecei a trabalhar também. Então, obviamente, eu não tinha tempo para ir aos plantões de redação. Sendo assim, paguei um curso particular. Por meio dele e com a bagagem adquirida no cursinho, consegui fazer 940 pontos na redação no Enem 2018!

Com isso, posso concluir que o cursinho, esteve constantemente ao meu lado durante essa trajetória. Não só na preparação para o Enem, mas também em qualquer vestibular que eu almejasse.

Tanto que quando eu informei que faria a segunda fase na Unesp, todos os professores, inclusive a direção, se empenharam em focar atividades centralizadas no estilo do vestibular. Isso sem contar o fato de que a direção imprimiu provas passadas para eu treinar a próxima fase.

Contudo, ainda assim, me lembro do nervosismo de passar pelo Enem novamente (fiz o exame em 2017 também) e o medo de não conseguir uma vaga em uma universidade federal. Mas uma coisa é certa: fui muito mais confiante do que no ano passado, pois agora estava ciente de que tinha dado o meu melhor!

Por fim, senti-me realizada com o resultado do Sisu, pois consegui ingressar no curso de Artes Cênicas na Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto). Apaixonei-me por essa área no terceiro ano do ensino médio, quando atuei em teatro e curta-metragens para trabalhos escolares, além de ter feito um curso de teatro.

Graças a toda experiência vivenciada, eu me sinto muito mais preparada para estudar fora e alçar voos.” (Ana Caroline Silva, 19 anos, aprovada no curso de artes cênicas da UFOP)