A ambiguidade é um dos problemas mais comuns em todo tipo de texto. Muitas vezes, o que está escrito dá margem para duas ou mais interpretações. Veja três exemplos:
• Encontraram o cachorro do meu primo.
• O jogador xingou o juiz caído no chão.
• Ouvi falar da comemoração no escritório.
Perceba que cada uma das frases apresenta mais de uma possibilidade de leitura. Na primeira, não é possível afirmar se o animal (cachorro) foi encontrado ou se o primo foi chamado de cachorro. Na segunda, não dá para saber se era o jogador ou o juiz que estava no chão. Na terceira, a dúvida é se a pessoa ouviu falar da comemoração quando estava no escritório ou ouviu falar da comemoração que acontecia no escritório.
Há casos em que a ambiguidade é intencional, usada como recurso estilístico, especialmente em publicidade e textos de humor. Fora desses casos, ela só serve para dificultar a clareza da mensagem e tirar pontos preciosos da sua redação. Abaixo, conheça as causas mais frequentes de ambiguidade:
Emprego inadequado do adjetivo
• O professor IRRITADO deixou a sala de reunião.
Note que o emprego do adjetivo irritado possibilita duas interpretações. O professor é sempre irritado ou por estar irritado naquele momento deixou a sala de reunião?
Para evitar esse duplo sentido, você pode escrever:
• O professor, que vive irritado, deixou a sala de reunião.
• Irritado, o professor deixou a sala de reunião.
Pontuação inadequada
ESSE policial é um ladrão de galinha.
A frase acima afirma que o policial é um ladrão de galinha. Mas, alterando a pontuação, o sentido muda completamente:
• Esse, policial, é um ladrão de galinha.
Com as vírgulas, o policial deixa de ser o núcleo do sujeito e passa a ser vocativo, alguém com quem se fala. Consequentemente, o ladrão de galinha passa a ser outra pessoa, representada pelo pronome esse.
Emprego inadequado do pronome possessivo
• Prefeito cumprimenta vereador em SEU aniversário.
O aniversário é de quem: do prefeito ou do vereador? Para evitar essa confusão, pode-se escrever:
• Em seu aniversário, prefeito cumprimenta vereador.
• Prefeito cumprimenta vereador pelo aniversário.
Emprego inadequado do adjunto adverbial
• Crianças que comem doces COM FREQUÊNCIA apresentam cáries.
Veja que a colocação do adjunto adverbial com frequência causa duplicidade de sentido na frase. Pode-se entender que:
• As crianças apresentam cáries porque comem doces com frequência.
• As crianças que comem doces apresentam, com frequência, cáries.
Emprego inadequado do pronome relativo
• A beata falou com o padre QUE mora nesta cidade.
Quem mora nesta cidade: a beata ou o padre? Para eliminar essa ambiguidade, pode-se escrever:
• A beata, que mora nesta cidade, falou com o padre.
• A beata falou com o padre, o qual mora nesta cidade.
Emprego inadequado das formas nominais
• Maria foi atrás do filho CHORANDO.
Quem estava chorando? Maria ou o filho? Há duas possibilidades para esclarecer essa dúvida:
• Maria, chorando, foi atrás do filho.
• Maria foi atrás do filho que chegou chorando.